quinta-feira, 20 de novembro de 2014

A DOR DE MAXUEL (O CORDEL DA HEMORRÓIDA)




É difícil falar de um tema complicado como esse sem certo constrangimento, mas procurei de forma bem humorada, e sem conter um palavrão, descrever uma doença que tem incomodado milhares de pessoas no mundo inteiro. Por se instalar em um lugar escondido e precioso para os donos, não se fala muito nela, porém pesquisas, ainda que restritas, mostram que a hemorróida castiga pelo estrago que faz. É complicada porque todos têm vergonha de falar abertamente, portanto quando vir alguém sentando meio de lado, caminhando com as pernas juntinhas, evitando comer certas coisas e comendo mamão demais pode ser que tenha uma moradora implicando a saída natural do organismo e o nome dela é hemorróida. Não se assuste, tem tratamento, e melhor passar pelo aperreio da recuperação da cirurgia do que viver sofrendo com seu incômodo constante. A capa deste cordel é do competente ilustrador Walfredo de Brito. Apreciemos algumas estrofes que Maxuel explica melhor sobre o mal que lhe aflingiu por muito tempo:

Primeiro, me apresento:
Meu nome é Maxuel.
Agora, conto a história
De uma doença cruel
Que queima, chamusca e arde
Na porta do carretel.

É delicado, sensível
Por isso tal bolinagem.
No bocal da tarraqueta
Comete uma sacanagem,
Ao sequestrar do parreco
O espaço da garagem.

É quieta, brava e rasteira,
Igual a toda doença.
Parece que são varizes,
Deixando a beiçada imensa,
Porque no anel de couro
Ela causa a diferença.

Senti lá, na travessia,
Aquela coisa ferina
Como linha de anzol,
A dor era forte e fina
Na hora de liberar
O que o corpo determina.

Se instala no precioso,
Na boquinha da caverna.
De duas maneiras clássicas:
Uma pode ser “interna”,
A outra, mais condenada,
Do lado de fora, “externa”.

Não pede licença e vai
Ocupando a redondeza.
Senta praça no foquito
E vai com toda a destreza
Apertando a sua rosca
Igualmente à chave inglesa.

Deixa o rego diferente
Pelo estrago que ela faz.
Só você sabe onde está,
A sanguessuga voraz.
Doença assim como essa
Tem parte com satanás.

(...)

Me ensinaram a simpatia
E eu segui a tramoia:
— Pegue pó de ouro e jogue
Onde a danada se apoia.
Senão curar, pelo menos
Seu anel fica uma joia!

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