quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

ESTUDOS SOBRE O PRECONCEITO




Passei a tarde do dia 25/02/15 conversando com a mestranda francesa Solenne Dérigond que está estudando a questão do preconceito regional existente no Brasil, e que ficou acentuado, sobretudo nas duas últimas eleições presidenciáveis. Por conta do meu cordel A SAGA DO NORDESTINO EM SÃO PAULO, fui indicado pelo professor da USP Paulo Iumati a quem agradeço a deferência, e numa tarde chuvosa em São Paulo, conversamos muito sobre a temática que abre sequelas tanto em quem a prática quanto nas vítimas, no caso os nordestinos. O cordel brasileiro tem encantado tantas pessoas de fora do país a estudá-lo a fim de conhecer melhor o que há por trás dessa literatura que vem encantando gerações.
A doença do preconceito é tão grande e perigosa que motiva estudos do tema em pessoas de outros países, portanto está claro que o problema existe, precisa ser combatido e superado o quanto antes. A literatura é uma aliada importante para isto.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

AS PALHAÇADAS DE ZÉ ARIGÓ



APRESENTAÇÃO

O cordel é um gênero literário brasileiro, vigoroso e dinâmico, capaz de dialogar com as demais artes, sem perder a originalidade ou ficar “de fora do bonde” da evolução. O gracejo é uma presença constante em seu seio. João Grilo, Pedro Malazartes, Camões, José do Telhado, Cancão de Fogo ganharam destaque nas páginas cordelísticas. Percorrendo as veredas humorísticas, produziram-se títulos sobre o peido, chifre e uma série de obras a respeito de “seu Lunga”, entre outros; com o viés cômico. Quem também ganhou títulos foi Chicó, personagem do Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna e parceiro inseparável de João Grilo, este último extraído do cordel à teledramaturgia.
Se os poetas das gerações passadas ofereceram figuras cativantes e engraçadas, chegou a hora de ofertarmos personagens a este gênero. Claro que teremos de “comer muita farinha” para chegar ao nível de Cancão de Fogo, pintado e bordado pela pena magistral do literato Leandro Gomes de Barros. Todavia, não se trata de superar ninguém, pois o foco da cultura é produzir, imitando os predecessores e melhorar, dentro das possibilidades intrínsecas de cada autor. À sua maneira, deixa uma marca única e insubstituível, já que em arte não temos concorrentes e sim parceiros.
Desde o tempo em que apenas lia cordéis e, ao começar escrevê-lo, me encantei com eles, pelo uso da esperteza para “se dar bem na vida”. Mas, ao longo dos anos, fui percebendo que estamos somente dando voltas em torno deles, sem criarmos equivalentes consistentes e capazes de imprimir neste meio o seu jeito de ser, encantar e surpreender os leitores, com a sabedoria inerente a todo amarelinho que busca diante da má sorte e do sofrimento, encontrar alento sem que seja necessário empreender força porque, para esses, conta mais o uso da cabeça em um ócio produtivo, do que um esforço hercúleo, que às vezes não produz nada além do cansaço.
No Nordeste é comum encontrar gente fazendo humor sem a pretensão de ser humorista. Uma resposta perspicaz dada em tempo hábil e inesperado, produz gargalhadas gostosas e quebra a tensão. Ainda criança, ouvia uma pessoa repreender outra por não ter entendido uma explicação ou cometido uma gafe, chamando-a de Arigó ou Zé Arigó; e este nome nunca me saiu da cabeça. Em várias ocasiões chamei os amigos por este apelido.
Após várias pesquisas, achei o nome Arigó ideal para ser levado ao cordel e me embrenhei na aventura que, depois de cinco anos, considero concluída. Claro que poderá e será melhorada; todavia depois da leitura de várias obras e da busca de quem trilha o caminho do gracejo, creio que o texto esteja em condições de chegar às mãos dos admiradores do gênero e daqueles que nunca leram nada nesta linha.
Normalmente estes seres nasceram de maneira misteriosa, como é o caso de João Grilo; mas Zé Arigó é comum e, como sabia dar respostas interessantes, perceberam o seu viés humorístico, razão para estar sempre arrodeado de apreciadores. Isto fez a sua fama e, aos poucos, se transformou em um artista que realizava um show por duas horas e prendia a plateia com o seu jeito cativante.

Fascinante e carismático,
Repertório sempre eclético,
Navegava pelo lúdico,
Do real ao imagético,
Transitava pelo cômico,
Épico, trágico e poético!

Um dado novo colocado nesta obra é a figura do empresário, que percebe o talento de Zé Arigó e começa a vender seu espetáculo. Arigó se encantou com a ideia sem, contudo, se deixar levar pela armadilha da fama, pois sabia o risco que correria caso se embriagasse no vinho doce da vaidade. Com o passar do tempo, o artista percebe que vinha sendo roubado pelo seu representante mercenário.
Ao descobrir a fraude desfaz a pareceria, mas não deixa de fazer humor, pois este dom lhe era inerente. Sente mais em perder o ser humano para o dinheiro do que o dinheiro para o ser humano. Uma história construída pela beleza rímica e pelo hilariante Arigó, que conquistou as mais ecléticas plateias, produziu riso e emoção onde, às vezes, sobrava espaço para tristeza.

Varneci Nascimento
São Paulo, maio de 2014

SERVIÇOS

Capa e ilustrações: Walfredo de Brito
Valor R$: 5,00
ISBN 978-85-7410-188-0
Editora Luzeiro: vendas@editoraluzeiro.com.br

Contato com o autor: varneci@gmail.com

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

O MISTÉRIO DO BRACELETE


APRESENTAÇÃO

O cordel é um gênero literário que vem apaixonando corações e mentes de muitos jovens pelo o Brasil afora. Durante muito tempo foi incrustado, como uma verdade absoluta, que a poesia de cordel era coisa do passado, que não atraía o interesse de jovens leitores.
O que estamos presenciando no momento é a superação dessa afirmativa. Acompanhado a presença de muitos jovens abraçando essa arte.
O autor deste romance, “O Mistério do Bracelete”, é a comprovação de que o brasileiro se despiu desse preconceito plantado ao longo do tempo. O cordel tem conquistado os jovens não apenas como leitores, mas como escritores também. Vital Macedo Neto é um exemplo desta nova geração que surge com talento e que tem navegado nesse imenso mar “cordeliano”, com sua poética irreverente, ousada e criativa. Sua imaginação nos levará a uma trama que deixará cada leitor com sede para chegar ao desenrolar dessa história.
Victor Hugo é um jovem viajante que, em suas andanças, recebeu de um desconhecido o bracelete que abriu as portas para ele viver um grande amor.

Eu me chamo Victor Hugo,
Sou eterno apaixonado.
Encontrei a liberdade
Num amor aprisionado.
Sou escravo do afeto,
Mais um réu encarcerado.

Mas na vida nada se conquista sem batalhas. Como deixou escrito Carlos Drummond de Andrade, no meio do caminho tinha uma pedra; e, para se alcançar algum objetivo, é preciso superar inúmeros obstáculos. Às vezes, são rochas quase intransponíveis no meio do caminho. E, no caminhar de Victor Hugo, que passou a se chamar Fernando, não foi diferente: o rochedo que ele encontrou se chamava Lucas, outro jovem que, incentivado pelo pai ganancioso e com sede de poder, fez de tudo para impedir Victor Hugo de conquistar o amor da princesa.

Lucas tinha consciência
De que jamais venceria.
Burlou todos os limites,
Abusou da covardia.
Como sua força era pouca
Optou pela magia.

Com essa perseguição insana, Victor Hugo, quase sucumbiu às tramas do maldoso Lucas. Estando à beira da morte, fruto de um atentado tramado por Lucas, Victor encontrou, mais uma vez no seu caminho, alguém que lhe estendesse a mão: um velho índio que o ajudou a se transformar em um guerreiro.
Abraçando bem as lições transmitidas pelo índio, Victor Hugo potencializou suas forças para a batalha final, que lhe abriria o caminho para conquistar a filha do rei e herdar todo seu reinado.
Depois de uma longa disputa, golpeado quase que mortalmente pelo o incrédulo Lucas, Victor, já exaurido, passa a pensar na sua paixão, encontrando forças para uma reviravolta, dando a volta por cima e vencendo a luta.
Pensando que Lucas havia sucumbido, Victor sai à procura de seu amor, mas ao dar as costas, o rapaz é acertado mortalmente por uma flecha. E agora? Será que o sonho acabou?

Nando Poeta
Natal, Rio Grande do Norte,
janeiro de 2015.
 SERVIÇOS

Capa e ilustrações: Walfredo de Brito
Valor R$: 5,00
ISBN 978-85-7410-199-6
Editora Luzeiro: vendas@editoraluzeiro.com.br
Contato com o autor: vitalcordel@gmail.com

sábado, 14 de fevereiro de 2015

CATORZE ANOS DE VIDA DEDICADOS AO CORDEL


Este ano completo 14 anos de viagem pelo mundo literário e tudo começou na cidade de Paulo Afonso, Bahia, narrando a história do terceiro bispo dessa diocese. Dom Mário Zanetta era um pastor de fato, italiano, chegou ainda jovem ao Brasil e se dedicou inteiramente a melhoria do povo sofrido do sertão baiano e ao anúncio da mensagem de Jesus Cristo.
Em 1988 foi nomeado bispo e este homem de maneira incansável serviu aos mais pobres de nossa região. Em 1998 foi acometido por um AVC, e acompanhei de perto seu sofrimento e sofri juntos com os diocesanos. Esperávamos que ele saísse vivo daquele acidente vascular cerebral, mas infelizmente foi impossível e em 13 de novembro partiu ao encontro do Pai.
Na mesma noite de sua morte, comecei a escrever os primeiros versos e por volta de dois meses depois a obra estava acabada, contudo só viria a publicá-la no ano de 2001. O cordel ficou engavetado por quase quatro anos, porém quando a lancei ainda fui criticado, disseram que eu estava me aproveitando do nome de dom Mário. Essas críticas não foram suficientes para me fazer parar e hoje, catorze anos depois, são 75 obras publicadas e quase 200 mil exemplares vendidos por todo o país.
A capa que ilustra essas linhas foi da primeira e da segunda edição que saiu em pouco tempo. O nome de dom Mário de fato era uma referência na região, entretanto, boa parte desse livro também foi vendida em São Paulo onde ministrei a primeira palestra sobre cordel brasileiro, achando que sabia de tudo, no entanto, atualmente vejo o quanto não sabia de nada, porque escrever, seja em qual gênero for, será um difícil e eterno aprendizado.
Abaixo estão as primeiras estrofes desta história que me abriu as portas para o mundo da literatura brasileira. A capa na cor verde foi preparada para a terceira edição, publicada pela diocese de Paulo Afonso quando completou dez anos de sua morte.

O poeta só escreve,
Quando está de veneta.
Como nesses dias estava,
Daí peguei a caneta
Para contar a história
Do bispo Mário Zanetta.

Vinte e nove de Janeiro
Lá na Itália nasceu;
No ano de trinta e oito
Essa luz resplandeceu
Predestinado a vir
Servir Jesus, em quem creu.

Luigi e Rosa Zanetta,
Os pais daquela criança,
Quando olhavam pra ela
Enchiam-se de esperança,
Pois como todo menino
Transmitia confiança.

Cresceu em meio aos colegas
Fazendo estripulia;
De tio, avô e avó!
Era a grande alegria,
Sentimento este que,
Desde cedo transmitia.

Um desejo bem profundo,
Cresceu no seu coração:
De servir a Jesus Cristo
Sentiu ser sua missão
Por meio do sacerdócio
E amando a cada irmão.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

TRÊS CORDÉIS DA LUZEIRO SÃO ADOTADOS EM REDE MUNICIPAL DE JAPERI


O autor não deve estar preocupado em escrever para ser adotado na escola, mas deve preocupar-se que a sua obra, tenha tanta qualidade que a educação deseje adotá-la. Machado de Assis nunca escreveu para escola, todavia sua qualidade literária é tanta que é impossível uma educação que se preze não se debruçar sobre o que este grande literato escreveu.
Com o cordel não pode ser diferente, o autor deve se esmerar naquilo que produz que fatalmente seus escritos cheguem aos estudantes de todo o país. Recentemente tivemos três cordéis da Luzeiro adotados pela Secretaria de Educação da prefeitura de Japeri no estado do Rio de Janeiro. Os títulos são A guerra dos Passarinhos de Manoel D’Almeida Filho; O Gato de Botas de Josué Gonçalves de Araújo e o Hino Nacional em Cordel de Cacá Lopes.

Cerca de trinta mil exemplares foram destinados aos alunos da rede municipal para que tenham contato com este gênero literário que vem encantando o Brasil de norte a sul. Parabéns aos autores e capricho para aqueles que querem ver as suas obras se perpetuando, lembrem-se da máxima “que o cordel deve ser difícil de fazer, mas fácil de entender”. O cordel tem galgado grandes patamares, mas ainda temos milhões de brasileiros para atingirmos com a sua beleza poética.