Ontem
a convite do amigo Eric Felipe, participei de um debate na USP cujo tema era a Literatura Nordestina, embora acredite numa cultura
sem fronteira. Compus a mesa com os amigos Agnelo Bento que
tratou do livro e do filme São Bernardo de Graciliano Ramos e Renata de Carvalho
que focou na obra de Patativa do Assaré, enquanto eu discorri sobre
o Cordel brasileiro e parte de minha humilde obra, além dos grandes mestres
como Leandro Gomes de Barros. Foram quase três horas de debate, perguntas e
respostas, um evento magnifico promovido pelos alunos de Geografia. Tive a felicidade
de conhecer o professor Manuel cearense e amigo dos meus professores paraibanos. Fui recepcionado
carinhosamente pelos alunos Ian e as duas Julianas. O evento
foi maravilhoso, digno de ser repetido
diversas vezes. Agradeço por nos proporcionar levar o cordel ao maior número
possível de pessoas. Terminei a minha fala com um poema que fiz no trem a
caminho da USP.
Desde
menino eu sentir
Que
seria de fato a sina
Percorrer
nosso Brasil
Quiçá
América Latina
Espalhando
para os povos
A
cultura nordestina.
A
arte não se destina
Para
alguma região
Ela
extrapola fronteiras
Invade
o seu coração
Mesmo
sendo nordestino
Eu
sou de toda a nação.
Pois
a arte é feito o pão
Quando
em casa se esquenta
Mesmo
quem não sente fome
Sente
o cheiro é não aguenta
Não
resiste aos seus encantos
Chega
junto e se alimenta.
Junto
dela a gente enfrenta
Seja
golpe ou ditadura
Se
preciso até se esconde
Para
beber a cultura
Que
o coração da gente
Se
aquece em literatura.
Há
quem enfrente a tortura
Em
busca da liberdade.
A
mentira não suporta
Nenhum
pingo de verdade
E
todo falso se esconde
Em
frente a cumplicidade.
Vir
a essa faculdade
Tão
cheio de alegria
Abraçar
cada estudante
Que
cursa geografia
Sou
andarilho com fome
Do
pão da sabedoria.
Confesso
que este dia
Ficará
na minha memória
Porque
o nosso Cordel
Já
galga os passos da Glória
Eu
tão pequeno, pegando
Carona
na sua história.
Nossa linda
trajetória
Ganhe
a maior estrutura
O
estudo nos transponha
Para
o mundo da ternura
Num coro digamos não
Para
a torpe ditadura.
Usando
a literatura
A
gente não vai Temer
A
quem descaradamente
Usurpou
nosso poder
Que
é papel literário
Gritar
fora até morrer.
Quero
aqui agradecer
Pelo
convite maneiro
Feito
ao aprendiz menor
Sem
saber e sem dinheiro
Que
finaliza dizendo
Viva
o Cordel brasileiro.
Varneci Nascimento
Junho de 2017
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