DO FASCÍNIO AO FASCISMO
É sempre salutar lançar
algo novo, ainda mais discutindo temas tão relevantes, como é o caso deste, que
aborda assuntos presentes no quotidiano. O Brasil, infelizmente flerta com
tantas coisas perigosas e o autoritarismo parece agradar aos detentores do
poder na atualidade. Como a partir do golpe de 64, onde os poetas e artistas
denunciavam as arbitrariedades da época, não podemos nos furtar do debate, sob
pena de nos tornarmos cúmplices da barbárie. Apesar de não sermos ainda uma
ditadura, fomos retirados da lista de países plenamente democráticos, por
organismos internacionais. Começa discutindo e denunciando nas estrofes a
seguir:
Pensava que este
Brasil
Fosse um mar de
civilismo,
Mas de repente a
loucura
Misturada ao
barbarismo
Trouxe a nuvem
nebulosa
Do fascínio ao
fascismo.
Vimos dois mil e
dezoito
Com a polarização
Causar a maior
fissura,
Nas bases desta
nação,
Entre milhões de
patrícios
Estrondosa
divisão.
A maior onda de
ódio
Espalhou-se
abertamente
A ferocidade
atrás,
A intriga pela
frente
Liderada por um
homem
Pusilânime,
prepotente.
A obra bebe na
tradição do cordel brasileiro, criado pelo paraibano Leandro Gomes de Barros
que sempre abordou as temáticas políticas. Acredito na potência da literatura
para derrotar a onda fascista que se abateu sobre nosso país. Sob este prisma,
teremos muito o que discutir e a poesia é arma poderosa, fala ao coração, toca
na alma, expõe as vísceras, provoca a sociedade, denuncia injustiças, grita a
favor dos sofridos, reclama das atrocidades dos detentores do poder. Sigamos
sem medo, se achegue, invista na sua formação, prestigie a cultura, aplauda este
gênero literário. No livro temos poemas como este abaixo:
Se você pouco acredita,
Vá estudar o passado,
Conversar com um torturado,
Vítima daquela desdita.
Conheça a trama maldita
Por trás da pesada agrura.
Veja quanta desventura
Enfrentar tamanho monstro.
Enquanto viver, demonstro,
Nunca mais a ditadura.
Em honra de quem partiu,
Em nome de quem ficou!
Na militância escapou
Do carrasco que agrediu!
Faço por quem se feriu
Protegendo uma criatura,
Visando a nação futura
Arriscou a sua cabeça,
Para que ninguém esqueça:
Nunca mais a ditadura.
Ninguém
é neutro em nada, cada decisão é uma opção política e sempre fiz questão de
deixar a minha produção poética clara para não restar a menor dúvida de quem a
poesia está a serviço. Nas mais de oitenta obras publicadas e com duzentos e
trinta mil exemplares vendidos sempre me mantive do lado dos oprimidos.
A xilogravura da capa é da brilhante Nireuda Longobardi,
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