O racismo por mais desumano que seja, é um sentimento/comportamento manifestado por seres humanos, ou seja, é praticado por um ser racional chamado homem e mulher que pensa, estuda e tem acesso ao conhecimento científico.
Portanto, o racismo não decorre da falta de conhecimento, é produto de um
tipo de conhecimento colonial, cujos pensadores a serviço do poder e do
capitalismo propagaram a ideia de que a humanidade é composta de uma raça
branca superior e outra negra inferior, e se utilizam dessa condição para
discriminar as pessoas negras a quem os pensadores colonialistas consideraram
inferior.
A prática desse comportamento contra a pessoa negra ainda é recorrente no
século XXI, e denota o quanto as sociedades, por mais evoluídas que sejam
consideradas, não superaram a compreensão dos brancos como superior e dos
negros como intelectualmente inferior, o que faz com que a pessoa negra na sua
maioria ocupe os espaços sociais menos qualificados e no mercado de trabalho
exerçam funções e profissões socialmente desprestigiadas. É preciso olhar a
sociedade sem hierarquizar os sujeitos em superior e inferior. Olhá-los como
capazes.
Logo, se apresenta estranho aos olhos da sociedade quando uma pessoa
negra está num lugar de poder e de prestígio social. Geralmente uma pessoa
negra no lugar de poder não é enxergada como normal, e ainda se questiona sua
capacidade para estar em tal lugar. Esse tipo de comportamento denota o quanto
a sociedade brasileira é racista, à medida que não se incomoda com o contrário,
ou seja, o fato de a maioria negra no Brasil ocupar os espaços periféricos
destituídos de condições de existência humana e exercer no mercado de trabalho
as funções menos remuneradas. A sociedade trata como natural, e normaliza essa
e outras condições atribuídas a pessoa negra, a exemplo da morte de jovens
negros decorrente da violência policial.
Por sua vez, o racismo além de impedir a pessoa negra de ocupar os
espaços de poder de decisão e elaboração de políticas públicas, atinge também
as relações interpessoais e afetivas, o que amplia o raio de desumanização e
faz com que em algumas famílias brasileiras o casamento interracial ainda seja
visto de modo atravessado, ou como um problema que só com o tempo será
resolvido com o rapaz negro ou a moça negra demonstrando para a família da moça
branca ou do rapaz branco com quem se casou a sua capacidade e competência.
Comumente famílias brancas formulam respostas das mais diversas naturezas
com o intuito de explicar o relacionamento do/a filho/a branco/a com uma pessoa
negra. As respostas são as mais positivas possíveis e funcionam como uma
espécie de compensação e justificam o relacionamento interracial, de modo que
seja aceito/aprovado pela sociedade
Geralmente famílias brancas recorrem ao fato de a pessoa negra com quem
seu filho/a casou ser um profissional competente e bem-sucedido. O fato é que
as famílias brancas ainda recorrem a um atributo positivo da pessoa negra que
justifique ela se casar com seu filho/a branco/a, o que funciona como
compensação. Ele é negro/a, mas é médico/a, é doutor/a.
Esse tipo de comportamento é uma evidência de que a sociedade brasileira ainda não superou o racismo, o que faz com que nem mesmo o amor de uma pessoa negra por uma branca e vice-versa seja suficiente para superá-lo. Tal comportamento é o que o escritor Varneci Nascimento discute, quando na sua obra, questiona o/a leitor/a “O Amor vence o Racismo?” Com tal título e questionamento, o escritor possibilita ao/a leitor/a discutir e compreender sobre tema tão árduo e duro, mais ainda recorrente na sociedade brasileira, e que há quem insista fazer vistas grosas.
Disse o sociólogo Florestan Fernandes que o Brasil tem preconceito de ser
preconceituoso, o que faz com que não admita a realidade dos fatos, enfrente-o
e supere. Na obra “O Amor vence o Racismo?”, Varneci Nascimento,
escancara a realidade, rasga o verbo e possibilita ao leitor/a através do
cordel enxergar o quanto o racismo está entranhado no cotidiano da sociedade, e
como ele se manifesta, ainda que seja comum pessoas afirmarem que não são
racistas. Basta uma pessoa negra ousar integrar-se a família branca pela via do
matrimonio que as relações mudam de tom e de tratamento.
O escritor e poeta Varneci Nascimento recorre a força da literatura de
cordel, cuja linguagem possibilita a todas as pessoas, independente de
escolaridade compreenderem o fato narrado, visto que no cordel, ainda que os
versos se transformem em palavras escritas em papel, são também musicais, pois
vem do íntimo de quem o produz, e está diretamente relacionado as coisas da
vida. Ficção? Pode ser, mas o fato narrado/cantado/versado é pura realidade
vivida.
O racismo na narrativa ficcional é real. O enredo do romance entre
Cecilia, uma moça branca e João Batista, um rapaz negro, que se apaixonam e
resolvem levar adiante tal relacionamento fundamentado no amor, ainda que seja
uma criação de Varneci Nascimento, diz sobre a realidade brasileira.
Assim tal escritor/poeta revela o modo como enxerga a sociedade em que vive.
No Brasil é comum mulheres brancas contarem histórias dos infortúnios
sociais que enfrentaram porque se enamoraram de homens negros, enfrentaram pais
violentos e machista, assim como a sociedade patriarcal e foram viver seus
amores em preto e branco.
Desta feita, na obra “O Amor vence o Racismo?”, Varneci Nascimento, escancara
outro mal da sociedade moderna contemporânea, o patriarcalismo, e sua relação
com o machismo, e racismo e nos mostra como esse trio anda junto e insiste em
se perpetuar, à medida que mulheres ainda são submetidas as normas sociais
estabelecidas pelos homens brancos.
Até quando essa tríade comportamental se manterá? Não se sabe, mas
sabe-se que mulheres tem ousado e desafiado e enfrentado a sociedade e
construído novos padrões de comportamentos, paradigmas, novas possibilidades de
amar, viver e ser feliz, e assim tem destruído esse trio que insiste em se
manter. Certamente muitas Cecília tem feito isso Brasil a fora, muitas
existiram e existirão, assim como muitos escritores/poetas/artistas que
recorrem a arte para escancarar os males que a sociedade insiste varrer para
debaixo do tapete e continuar recebendo os convidados na sala de visita como se
nada de ruim existisse.
O racismo é maléfico,
adoece, aprisiona e mata, o amor, aproxima, é saudável, liberta e cura.
É isso que a obra “O Amor vence o Racismo?”, de Varneci Nascimento nos
ensina.
Para saber mais sobre o livro, clique abaixo.
https://varnecicordel-com-br.lojaintegrada.com.br/o-amor-vence-o-racismo

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