terça-feira, 16 de setembro de 2014

A TRAGÉDIA DO NYENBURG


Mais uma obra publicada pela editora Luzeiro, desta vez o autor é Manuel de Azevedo, nascido no estado do Rio Grande do Norte onde o cordel se fortalece cada vez mais.

APRESENTAÇÃO

Os verdadeiros Poetas descobrem a Poesia em fatos de expressão prosaica. A Tragédia do Nyenburg tem subtítulo de Episódio dos Tempos Coloniais no Rio Grande do Norte. Faz parte de Estudos Pernambucanos de Alfredo de Carvalho, publicado no Recife em 1907 e republicado em 2002, pela editora Sebo Vermelho. A história, transformada em Poesia, é dramática. Fala das moedas de ouro que os marinheiros sublevados enterraram em Natal. Quem encontrou esse ouro? Respondo sem sombra de dúvidas: quem encontrou o ouro foi o poeta cordelista Manuel de Azevedo.
Manuel de Azevedo é um exemplo pouco comum de artista versátil, de Poeta explorador de temas e estilos. Tudo leva a crer que o seu itinerário existencial, cujas estações principais são Santana do Matos, Natal, e Londres, marcou profundamente a sua produção poética.
Santana do Matos, de onde Manuel de Azevedo saiu aos nove anos de idade, não é um retrato na parede que dói. É mais um tema recorrente, é o sertão dentro do Poeta, onde o canto da Acauã evoca a morte, onde o Concriz e o Galo-de-Campina trinam invernos, é a “Coalhada fria com rapadura,/imbuzada, cuscuz com ovo./e leite.”
Em Natal, Manuel de Azevedo fez seus estudos básicos e despontou para a Música, para a Poesia, para o Magistério. E ao longo dos anos aprimorou o seu estilo, como quem aprimora o virtuosismo nas cordas de um violoncelo. O sertão continua a existir, nunca vai abandonar as suas lembranças arraigadas, mas a temática celebra um novo amor, uma nova musa – Natal e sua paisagem lírica, física, humana. O Beco da Lama, quartel general de comandantes que jamais ganharam uma batalha, é evocado com nostalgia e beleza poética:

“Lá no Bar do Seu Nazi,
Em pleno Beco da Lama,
Muitas luas eu bebi,
Poesia de Acesa chama.”

Natal é vista pelo Manuel de Azevedo em temas como a PEDRA DO ROSÁRIO, RIO POTENGI, dos XARIAS que habitavam a Cidade Alta, dos CANGULEIROS que dominavam o território das Rocas, tudo palmilhado com emoção e rigor formal. O Poeta vai do Hai-kai ao Soneto, das Glosas e Motes às Trovas com forte acento popular. Mais adiante – o que marcaria a terceira estação de Manuel de Azevedo, ou seja, sua temporada Londrina – há poemas de feição erudita, alguns escritos em inglês como “Ode to Vivaldi” e outros de alma inglesa, Liverpooliana, como “Lennon in the sky with diamonds”.
De repente, o Poeta surpreende outra vez. Deixa de lado sua memória natalense, sua formação erudita, sua lembranças européias e parte para descrever em linguagem de cordel uma tragédia marítima ocorrida com um navio holandês, em 1763. Em quatro cantos, em sextilhas de sete sílabas, Manuel de Azevedo navega por mares que a sua inspiração jamais havia dantes navegado. E narra, por inteiro, a desventura do NYENBURG, à maneira de um cordelista da família de autores clássicos, como aqueles que já nos deram o Episódio da moça que virou cobra, o Infortúnio da Imperatriz Porcina, a chegada de Lampião ao inferno. É a tal versatilidade de que já falamos.
Vale a pena navegar no convés da poesia de Manuel de Azevedo, acompanhando sua narrativa das rotas e derrotas do NYENBURG, dos motins, das vinganças, da convivência com homens duros e imprevisíveis como uma montanha em pleno mar.

Diógenes da Cunha Lima


SERVIÇOS:
ISBN 978-85-7410-208-5
Tamanho: 13,5x18
Vendas pelo e-mail: vendas@editoraluzeiro.com.br
Valor: R$ 5,00


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