Mais uma obra publicada pela editora Luzeiro, desta
vez o autor é Manuel de Azevedo, nascido no estado do Rio Grande do Norte onde
o cordel se fortalece cada vez mais.
APRESENTAÇÃO
Os verdadeiros Poetas descobrem a Poesia
em fatos de expressão prosaica. A Tragédia do Nyenburg tem subtítulo de Episódio
dos Tempos Coloniais no Rio Grande do Norte. Faz parte de Estudos
Pernambucanos de Alfredo de Carvalho, publicado no Recife em 1907 e
republicado em 2002, pela editora Sebo Vermelho. A história, transformada em
Poesia, é dramática. Fala das moedas de ouro que os marinheiros sublevados
enterraram em Natal. Quem encontrou esse ouro? Respondo sem sombra de dúvidas:
quem encontrou o ouro foi o poeta cordelista Manuel de Azevedo.
Manuel de Azevedo é um exemplo pouco comum de artista versátil, de
Poeta explorador de temas e estilos. Tudo leva a crer que o seu itinerário
existencial, cujas estações principais são Santana do Matos, Natal, e Londres,
marcou profundamente a sua produção poética.
Santana do Matos, de onde Manuel de
Azevedo saiu aos nove anos de idade, não é um retrato na parede que dói. É
mais um tema recorrente, é o sertão dentro do Poeta, onde o canto da Acauã
evoca a morte, onde o Concriz e o Galo-de-Campina trinam invernos, é a “Coalhada
fria com rapadura,/imbuzada, cuscuz com ovo./e leite.”
Em Natal, Manuel de Azevedo fez
seus estudos básicos e despontou para a Música, para a Poesia, para o
Magistério. E ao longo dos anos aprimorou o seu estilo, como quem aprimora o
virtuosismo nas cordas de um violoncelo. O sertão continua a existir, nunca vai
abandonar as suas lembranças arraigadas, mas a temática celebra um novo amor,
uma nova musa – Natal e sua paisagem lírica, física, humana. O Beco da Lama,
quartel general de comandantes que jamais ganharam uma batalha, é evocado com
nostalgia e beleza poética:
“Lá
no Bar do Seu Nazi,
Em
pleno Beco da Lama,
Muitas
luas eu bebi,
Poesia
de Acesa chama.”
Natal é vista pelo Manuel de Azevedo em
temas como a PEDRA DO ROSÁRIO, RIO POTENGI, dos XARIAS que habitavam a Cidade
Alta, dos CANGULEIROS que dominavam o território das Rocas, tudo palmilhado com
emoção e rigor formal. O Poeta vai do Hai-kai ao Soneto, das Glosas e Motes às
Trovas com forte acento popular. Mais adiante – o que marcaria a terceira estação
de Manuel de Azevedo, ou seja, sua temporada Londrina – há poemas de
feição erudita, alguns escritos em inglês como “Ode to Vivaldi” e outros
de alma inglesa, Liverpooliana, como “Lennon in the sky with diamonds”.
De repente, o Poeta surpreende outra
vez. Deixa de lado sua memória natalense, sua formação erudita, sua lembranças
européias e parte para descrever em linguagem de cordel uma tragédia marítima
ocorrida com um navio holandês, em 1763. Em quatro cantos, em sextilhas de sete
sílabas, Manuel de Azevedo navega por mares que a sua inspiração jamais
havia dantes navegado. E narra, por inteiro, a desventura do NYENBURG, à
maneira de um cordelista da família de autores clássicos, como aqueles que já
nos deram o Episódio da moça que virou cobra, o Infortúnio da Imperatriz
Porcina, a chegada de Lampião ao inferno. É a tal versatilidade de que já
falamos.
Vale a pena navegar no convés da poesia
de Manuel de Azevedo, acompanhando sua narrativa das rotas e derrotas do
NYENBURG, dos motins, das vinganças, da convivência com homens duros e
imprevisíveis como uma montanha em pleno mar.
Diógenes da Cunha Lima
SERVIÇOS:
ISBN 978-85-7410-208-5
Tamanho: 13,5x18
Vendas pelo e-mail: vendas@editoraluzeiro.com.br
Valor: R$ 5,00
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