APRESENTAÇÃO
Nenhum
personagem foi mais descrito pelo cordel do que Lampião. Sem sombra de dúvida,
essa literatura ajudou a mitificá-lo, pois na linguagem cordeliana é o assombro
do sertão. Dizem até que o poeta que se preza, terá dedicado ao menos uma obra
ao cangaceiro. Encontramos viagens poéticas sobre ele no gracejo, ficção,
bravura, crueldade, bondade, religiosidade, enfim centenas de títulos descrevem
o homem temido e respeitado, amado e odiado por muitos.
Há quem diga que
Lampião era líder de um movimento social, outros apenas um facínora da pior
espécie. Confusões e distorções a parte, o certo é que existem clássicos a seu
respeito que ultrapassam gerações e encantam leitores dos mais variados.
Lembrando alguns citamos Os cabras de Lampião de Manoel D’Almeida Filho,
considerada a melhor biografia de Virgulino e seu bando. Lampião o Rei do
Cangaço de Antônio Teodoro dos Santos, e outro título interessante Lampião
e sua história toda contada em versos de Antônio Américo de Medeiros.
Na ficção, são
incontáveis as obras acerca do pernambucano que deu muito trabalho as volantes
e que na visão do poeta Costa Senna, só foi possível, porque teria uma proteção
misteriosa apontada em Lampião e o seu escudo invisível. A chegada de Lampião
no céu de Rodolfo Coelho Cavalcante é mais um clássico; Lampião e Maria
Bonita no Paraíso, tentados por satanás de Jotabarros; A chegada de
Lampião no Purgatório de Luiz Gonzaga de Lima entre outros. No entanto,
indubitavelmente o mais famoso, é este que tem a primeira estrofe bastante
conhecida:
Um cabra de Lampião,
Por nome Pilão-Deitado,
Que morreu numa trincheira
Um certo tempo passado,
Agora pelo sertão
Anda correndo visão,
Fazendo mal-assombrado.
Pelo intróito
percebemos que é uma ficção carregada de bravura, graça e poesia. José Pacheco,
cônscio de sua arte, leva seu leitor a lê-lo avidamente, ansioso pelo desfecho.
Descreve minuciosamente como se deu a visita do cangaceiro ao local conhecido
por todos como do mal. Imagens como estas, reforçam cada vez mais que Virgulino
Ferreira era tão valente que enfrentava até mesmo o diabo.
Neste mesmo
folheto acompanha A grande briga de Lampião com a moça que virou cachorra. A
peleja ocorre numa sexta-feira da Paixão, dia que, segundo a tradição cristã é
de reflexão sobre a morte do Cristo, no entanto Lampião, valente que era não
teria respeitado.
Na Peleja dum
cantador de coco com o Diabo, o autor insere uma linguagem própria da
embolada, e por destoar da tradição cordeliana, não contém suas características
fundamentais, diferentemente do texto O prazer do
rico e o sofrimento do pobre, que fecha
esta publicação, onde Pacheco, mostra sua capacidade poética, numa síntese
magistral da vida do rico e do pobre. Boa leitura a todos.
Varneci Nascimento
São Paulo - 2012
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