João Melchíades Ferreira da
Silva
Nota. Este cordel de João Melchíades Ferreira da Silva foi
muito deturpado ao longo da história e agora ganhou uma nova roupagem na
reedição feita pela editora Luzeiro. Tivemos o cuidado de pegar uma das edições
mais antigas para chegarmos o mais próximo possível do original. Abaixo segue a
apresentação:
No início do cordel
brasileiro, houve pouca preocupação com a questão autoral, por isso, é comum
encontrar pessoas se apoderando da obra de outrem, como a velha conhecida
história do Pavão Misterioso para citar aqui o caso mais famoso que envolve
este autor.
O leitor da Luzeiro,
atento que é, deve ter notado uma significativa mudança na roupagem do nosso
material impresso nos últimos anos, pois cordel é literatura e como tal, merece
um tratamento digno pela grandeza e beleza que possui.
A presente obra foi
muito deturpada ao longo dos anos, e sem querer buscar culpados, mas tratar a
história do cordel com zelo, fomos atrás de edições mais antigas onde
descobrimos que até seu nome foi alterado de História sertaneja do valente Zé
Garcia para História do valente sertanejo Zé Garcia. Assim, o personagem que é
do Seridó passou a ser sertanejo, sendo que, quem é sertaneja é a história.
O título original
tem um ritmo cadenciado próprio do cordel, o que não acontece na segunda
nomeação, todavia isso não é o mais grave, o pior é a falta de respeito à
memória do seu autor João Melchíades Ferreira da Silva.
No texto procuramos chegar o mais perto
possível do original, pois a edição anterior estava eivada de equívocos, que um
autor desse quilate dificilmente cometeria.
Uma das pioneiras na
publicação do cordel, a Luzeiro tem o dever cultural de ficar atenta para que
essa literatura seja cada vez mais respeitada e valorizada e a memória dos
autores respeitada.
Neste clássico
veremos o jovem José Garcia, vítima de calúnia, pela qual seu pai manda-o para
a casa de um amigo a fim de livrá-lo da fúria do cangaceiro Militão que vai ao
tenente João Garcia alegando que José teria mexido em sua filha. Como não devia
nada, o rapaz só aceita viajar por obediência ao pai e não por medo de briga e
acusações levianas.
Na casa do capitão
Feitosa, Zé Garcia mostra que de fato é um homem destemido, pois além de
excelente vaqueiro, o único capaz de enfrentar o touro “Saia Branca” temido por
todos da região, se engraça por Primarosa, filha do coronel Cincinato, moça que
ele carrega com a ajuda da filha de Feitosa para quem arruma um irmão seu para
se casar com ela.
Eis, portanto um
enredo cheio de tramas e confusões. Será que o amor triunfará? Vale a pena
descobrir lendo mais essa fascinante história.
Varneci Nascimento
São Paulo, 2011.
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