A primeira vez que ouvi falar em celebração de Natal, foi no ano de 1987 quando fui passear em São Paulo. Passei esta data na casa de Tio Belo e tia Deci numa festança animada. Para mim uma criança de apenas nove anos, tudo era novo e bonito, até que por um tempo aceitei que as luzes teriam alguma relação com Jesus de Nazaré, mas bastou um bocadinho de entendimento para ver que não faz jus ao divino mestre.
Com o passar dos anos fui amadurecendo e entendendo
que cada vez mais as comemorações se afastavam do personagem que se pretende homenagear.
Gradativamente Jesus vem sendo substituído pelo tal do Noel e, por um consumismo
desenfreado, pessoas que naufragam no mar revolto de dívida, em nome de uma comemoração
vazia que afaga mais o próprio ego, ao invés de dominá-lo. A força de Jesus
Cristo é tão grande que ocupou o lugar de uma festa pagã para que o divino
mestre se tornasse o sol brilhante na vida das pessoas que dizem acreditar
nele, porém o consumismo, as luzes, o papai Noel são invenções do capitalismo tomando
o lugar do aniversariante.
Depois de mais de trinta anos, estou passando o
natal com papai e dois irmãos na roça, sem nenhuma comemoração, mas ao menos
posso enxergar as estrelas sem as luzes artificiais, papai homem de costume rural
já está devidamente deitado e os dois irmãos interneteiros no lugar que todo
adolescente da idade deles estão agora: grudados na tela de um celular perdendo
tempo com o nada, deixando de viver o presente e comprometendo gravemente o
futuro. Confraternizar entre família e amigos é salutar, escrever e pensar
sobre a sociedade líquida e vazia que vivenciamos também pode ser útil. Torço para
que nesta data, Jesus possa romper a barreira criada pelo ódio, pelo escárnio contra
os pobres, para que o amor e a fraternidade possam ocupar o vácuo existencial. Que
as pessoas voltem a dialogar umas com as outras e os celulares ocupem menos
espaço entre os seres humanos.


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